De Família Corsi
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Fazenda Santo Antônio
Fazenda Santo Antônio
Classificação
País Brasil
Tipo Fazenda
Descritivo A fazenda de Santo Antonio foi uma importante fazenda de Ribeirão Preto situada na região da Estação Ferroviária Santa Thereza, limítrofe da Fazenda Vista Alegre de Francisco Schmidt e da Fazenda Santa Thereza de Silveira do Val. Deteve muitos proprietários, e teve seu período áureo no século XX, logo nas décadas de 1910 a 1920, ocasião que foi de propriedade de Antonio Barbosa Ferraz Junior, pois juntou-se a outras propriedades deste, como a Fazenda Boa Vista, estendendo-se em mais de cinco a seis quilômetros. Uma de suas colônias fora a colônia Emboaba, que levou este nome por conta de um de seus antigos donos, João Emboaba da Costa.
Condição Destruída
Histórico
Origem Ribeirão Preto
Criação século XIX

A Fazenda Santo Antonio, conhecida também pela sua colônia de nome Emboaba, foi uma importante e histórica fazenda do século XIX da cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foi situada na região da Estação Ferroviária Santa Thereza da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e limítrofe da Fazenda Vista Alegre de Francisco Schmidt, cortada pelo Ribeirão de codinome "Preto", que batizou a cidade homônima. Estava localizada onde hoje repousa o bairro Alto da Boa Vista e a Vila Virgínia. [1]

Histórico[editar]

Precedência[editar]

Remotamente, nasceu como território da fragmentação sul da Fazenda Barra do Retiro, de onde insurgiu uma nova e menor chamada "Fazenda do Retiro". [2]

Esta pertencia primitivamente a Vicente José dos Reis, bem como as fazendas do Laureano. A Fazenda do Retiro foi passada a José Borges da Costa pela viúva de Vicente, Maria Silveira da Anunciação, e o restante ela passou ao filho Manuel. Este Manuel teve uma esposa chamada Maria Felizarda que, após a morte de Manuel, se casou com o supracitado José Borges em 04 de outubro de 1845. [2]

Esse casamento fez com que as fazendas se agrupassem novamente com a morte de Manuel dos Reis Araújo, passando então ao controle de José Borges da Costa. Início do poderio dos da Costa, com a morte de Maria Felizarda, a propriedade se dividiu entre as duas filhas que o dito Manuel teve com Felizarda, e também ao viúvo José que tomou o que de direito com a morte da mulher. Uma última parte foi doada à paróquia de São Sebastião do Ribeirão Preto. [2]

Década de 1840[editar]

No tocante a fazenda do Retiro e a parte que nos interessa, aquela que permaneceu com os da Costa, era nesta época formada por 4.632 alqueires, aproximadamente 112 km², estendendo-se do sul de Ribeirão até o além de Bonfim Paulista, e tinha as seguintes confrontações: fazenda das Palmeiras, fazenda da Figueira, fazenda Cabeceira do Ribeirão Prêto, Lageado, Laureano, Barra do Retiro e Pontinha. [2]

Mapa da década de 1840 mostra o tamanho e a extensão da fazenda do Retiro, engolindo dentro de si o distrito de Bonfim Paulista [3]

Com o correr dos anos, a fazenda do Retiro se subdividiu em outras inúmeras glebas. O trecho onde se conheceu posteriormente como Fazenda Emboaba, nesta época era morada de Inácio Bruno da Costa, irmão de José, em uma propriedade que ia até encontrar a serra denominada da Figueira, com divisa a fazenda de mesmo nome. O dito José, que era escravagista e possuía escravos, falece em 18 de dezembro de 1867, ocasião em que sua enorme fazenda é divida entre todos os seus herdeiros, incluindo o irmão Inácio, que herda a fazenda onde residia. [2]

Inácio Bruno da Costa foi casado, em primeiras núpcias, com Maria Isidora de Jesus e, em segundas núpcias, com Ana de Matos. Do primeiro matrimônio deixou dois filhos: José Inácio, falecido solteiro, e Joaquim Inácio que foi casado com Ana Teodora da Costa Emboaba, destinado a herdar a propriedade do pai, o que o fez. É a partir deste ponto que o sobrenome Emboaba surge, então, pela primeira vez. [2]

Fundação de Santo Antonio[editar]

Após ser desmembrada da Fazenda do Retiro, não se sabe o nome que adotou sobre a administração de Inácio. O filho e herdeiro de Inácio, Joaquim, deixou muitos filhos, dentre os quais está José Inácio da Costa Emboaba. José herdou uma pequena parte das terras de seu pai, e batizou sua fazenda formalmente como “Santo Antônio”, mas foi mais conhecida pelo seu sobrenome. [2]

Outros herdeiros de Joaquim, assim como José, nesta mesma época batizam novas fazendas com suas glebas hereditárias e começam delas a fazer negócio, desenvolvendo a região, inclinando-a estritamente a produção e exploração agrícola, como também na construção de colônias, como as colônias Emboaba, São João e Santa Maria.

Um dos filhos de José Inácio da Costa Emboaba foi João Emboaba da Costa, casado com Laura Moreira de Oliveira, e pais do cronista e médico Osmani, que foi responsável pelo livro “História da Fundação de Ribeirão Preto” de 1955. Este dito João Emboaba da Costa foi político e vereador de Ribeirão Preto múltiplas vezes, dono de muitas fazendas, como a dita Santo Antonio, Boa Vista, Santa Thereza e Humaytá.

Ele foi o responsável, juntamente com o pai José, por recepcionar e introduzir muitas famílias na cidade de Ribeirão Preto, como Pietro Corsi e sua família, que residiram na colônia Emboaba. [4]

João Emboaba da Costa montado em seu cavalo em 1910. [4]

Durante a década de 1890 a 1900, José vende boa parte de suas fazendas: em 1892 vende Santo Antonio e Boa Vista para Antonio Barbosa Ferraz Junior e Santa Thereza para uma senhora chamada Silveira do Val, que criam nelas grandes empreendimentos. A única que se mantém na posse dos Emboaba, então, é a Fazenda Humaytá, que anos a frente pode ser vista nos mapas históricos como pertencente ao filho de José, o supracitado João Emboaba da Costa. Emboaba. [5]

Antonio Barbosa Ferraz Junior e a era do café[editar]

Antonio Barbosa Ferraz Junior foi o responsável por trazer desenvolvimento e glória para a fazenda Santo Antonio, que, em pouco tempo sob sua posse tornou uma das referências na produção de café na cidade de Ribeirão Preto. [5]

Antonio Barbosa Ferraz Junior, segundo consta na biografia escrita por seu filho Bráulio Barbosa Ferraz, nasceu no dia 10 de junho de 1863 em Rio Claro, estado de São Paulo. Filho de Antonio Barbosa Ferraz e Ambrosina Ferraz de Campos, viveu sua infância em Rio Claro e Piracicaba. Foi realizar seus estudos na cidade de Campinas, em um colégio chamado “Culto às Ciências”, de onde retorna antes de concluir para ser o administrador de seu pai na fazenda Pitanga, na cidade de Rio Claro. [6]

No ano de 1887, Antonio Barbosa Ferraz Junior é “atraído para Ribeirão Preto, então Boca de Sertão”. Segundo o autor da biografia, Antonio estava procurando um negócio, encontrando em Sertãozinho uma fazenda já iniciada. Como não dispunha de toda a quantia em dinheiro necessária, teve que emprestar de um tio de sua esposa, José Amancio da Silveira, “que não relutou em emprestar-lhe 50 contos de réis”, o qual deu como entrada, ficando devendo 50 contos de réis que seriam pagos a prazo ao dono da fazenda. Para as despesas da viagem e mudança com a esposa e seus filhos, Antonio vendeu todos os bens que tinha adquirido até então, perfazendo um total de 14 contos de réis. [6]

Os frutos logo vieram. Em 1892, Antonio Barbosa Ferraz Junior adquire mais duas fazendas, Santo Antonio em Ribeirão Preto de José Inácio da Costa e Figueira na cidade de Cravinhos. Sua influência e autoridade cresceram junto com suas fazendas, o que fez com que, ainda em 1892 participasse de um movimento orientado por Cerqueira Cezar na deposição de Américo Brasiliense. O grupo foi composto pelo senador José Alves Guimarães, o dito Antonio Barbosa Ferraz Junior, Arthur Diederichsen, Flaviano Ferreira Leite, Francisco Augusto Cezar e outros que ocuparam a cidade de Ribeirão Preto. Feito isso, Antonio B. F. Junior, Major Barboza, como era chamado, foi nomeado delegado da cidade. [5] [6]

Seu vizinho limítrofe Francisco Schmidt, também bem-sucedido fazendeiro e nomeado rei do café, à esta época disse o que segue a respeito de Antonio[6]:

"é o melhor lavrador que conheço, só tem um defeito, é muito obreiro demais"

— Francisco Schmidt. [6]

Pode ser que tenha se referido desta maneira a Antonio por sua ganância e buscas incessantes a uma riqueza ainda maior, nunca tendo encontrado, talvez na visão de Schmidt, um equilíbrio entre o trabalho e o descanso. É, neste cerne, que no livro Impressões do Brazil no Seculo Vinte de 1913, a Fazenda Santo Antonio aparece como ainda de poderio de Antonio Barbosa Ferraz Junior, e insurge no seu auge, como uma das mais importantes do Estado de São Paulo e da cidade de Ribeirão Preto em 2013. [5] [6]

Em 1913, a principal fazenda de Antonio, se tornou uma apelidada de Boa Vista, que se localizava exatamente entre o meio de distância entre Bonfim Paulista e o centro de Ribeirão Preto, todas terras arrematadas daqueles Emboaba da Costa anos antes. A fazenda Boa Vista compreendia nesta época uma área de 175 alqueires, 4.2 km², com 150.000 pés de café que produziam anualmente, em média, 20.000 arrobas. Esta fazenda, que era uma das melhores do distrito, reunia todos os melhoramentos modernos e iluminação elétrica. O terreiro para secagem do café media 16.500 metros quadrados. Os maquinismos para descascar e classificar café também eram movidos à eletricidade. [5]

Em Boa Vista existiam 30 famílias de colonos que residiam em 45 habitações apropriadas. Para os transportes, dispunha a fazenda de 19 cavalos e mulas. Os prédios construídos para casa de máquinas e cocheiras eram modernos e de sólida construção. A casa de residência de Antonio era cercada de jardins que ocupavam 2 alqueires de área, onde habitava parte do ano e o resto do tempo passava na sua propriedade de Piracicaba. A administração da fazenda em 1913 estava a cargo do italiano Adolfo Bortolucci. [5]

A fazenda Santo Antonio, que estava distante apenas 3 quilômetros da Boa Vista, era igualmente de propriedade de Antonio Barbosa Ferraz Junior em 1913 e estava melhor localizada, a pouco menos de dois quilômetros do centro de Ribeirão Preto e da Villa Tibério. Nesta época Santo Antonio tinha área de 240 alqueires, 5.8 km², com 343.500 pés de café que produziam anualmente, na média, 50.000 arrobas. Empregava nos serviços da lavoura 68 famílias que ocupavam 98 habitações construídas para tal fim. Tinha um terreiro para secagem que cobria a área de 18.000 metros quadrados, depósito para armazenar até 25.000 arrobas de café, casa de residência e de administração, cocheiras, etc. [5]

Em Santo Antonio, também havia plantações de milho, arroz e alfafa para consumo. Nos pastos, contavam-se 28 cavalos e mulas e 45 cabeças de gado bovino. A administração estava a cargo do alemão Guilherme Kroll. [5]

Mapa da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo de 1925, Folha de Ribeirão Preto, revela que em 1925 as estruturas criadas por Antonio Barbosa Ferraz Junior ainda se mantinham, mesmo com o advento do início da industrialização da cidade. Fazenda Santo Antonio, Boa Vista e a Colônia Emboaba aparecem mencionadas no mapa, bem como a fazenda Humaytá, que nesta época ainda pertencia a João Emboaba da Costa

Declínio e destruição[editar]

Em 1910, Antonio Barbosa Ferraz Junior comprou uma área de diversos proprietários no Paraná. Contratou alguns colonos de Ribeirão Preto para realizarem a derrubada da mata e plantarem 105 mil pés de café. No ano seguinte “incorporou” a área mais alqueires, totalizando 2.582 alqueires paulistas de 24.200 metros quadrados, totalizando 62.4 km², nos quais foram plantados os cafezais, construído as colônias, serraria, oficina e olaria. [6]

As plantações começaram a produzir em 1915 e, em 1917, os primeiros 105 mil pés plantados alcançaram 420 mil arrobas. Diante de tal resultado no Paraná, Antonio preferiu por vender todas as fazendas em Ribeirão Preto e ficar definitivamente no norte do Paraná. Todas as propriedades dele foram arrematadas de volta pelos Emboaba da Costa, na figura de João Emboaba da Costa, que nesta época já era um riquíssimo e importante político na região. [6]

A partir de 1917, então, João Emboaba da Costa toca os negócios deixados por Ferraz, mas, com o início do recesso da era do café, decide apostar também, em paralelo, no plantio de outras benfeitorias como o algodão. Assim, deste modo, João conseguiu manter as terras sem qualquer crise até 1925, como se pode constar no Mapa da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo do mesmo ano, deixando como encarregado de suas fazendas seu amigo de longa data, o italiano Pilade Corsi, que assim permaneceu entre as fazendas Santo Antonio e a Colonia Emboaba na Fazenda Boa Vista até a década de 1945.

Fotografia de 1925 mostra a colheita do algodão na fazenda Santo Antonio em Ribeirão Preto.

Ao entorno de 1950, João Emboaba da Costa desfaz de suas terras, que são vendidas e arrematadas em conjunto, posteriormente destruídas e transformadas em lotes de bairro, donde insurge as atuais localidades do Alto da Boa Vista, Jardim Califórnia, dentre outros. Toda a Avenida Caramuru, nesta cidade de Ribeirão Preto, fica dentro do território e área de onde se localizava a fazenda Santo Antônio, principalmente aquelas neste local cortadas pela nascente do Ribeirão Preto, que na época serviam para canalizar água para a fazenda e as colônias.

Tudo que resta deste tempo é uma fachada de um casarão na Avenida Caramuru, batizada “Chácara Villalobos”, tombada desde os anos 2000 e com planejamentos de uma renovação que nunca se concretiza.

Fachada do Casarão da Caramuru é tudo que resta de todas as fazendas existentes naquela área.

Referências

Bibliografia[editar]

Fontes primárias[editar]

  • Lloyd, Reginald; Feldwick, W.; Delaney, L. T.; Eulalio, Joaquim; Wright, Arnold (1913). Impressões do Brazil no Seculo Vinte (em inglês). Londres: Lloyd's Greater Britain Publishing Company 
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